Fui mãe... À cerca de 8 meses e meio que fui mãe... Diziam-me que era a melhor coisa do mundo, e de facto é verdade... Mas, ocultaram muita coisa... Descobri de verdade o que é AMAR INCONDICIONALMENTE... Viver fora de mim é complicado, dói... Este Amor é tão grande que chega a doer... As mães merecem uma estátua e não deviam morrer nunca.
Tantas e tantas vezes tive vontade de escrever, de voltar aqui... As palavras surgiam na mente, eu queria passá-las para o papel, mas não havia tempo... A minha prioridade foi e continua a ser apenas uma... O meu querido filho, Francisco. Pensei que nunca mais ia conseguir escrever, que até já nem sabia como era...
Estes meses foram muito bons, mas também difíceis, tive de lidar com sentimentos muito contraditórios, como a alegria de ter um filho nos braços e a dor de ter perdido dois entes tão queridos ao mesmo tempo, num só dia... :( Para não falar nas alterações hormonais, noites mal dormidas, avanço de refeições, higiene pessoal deixada de parte porque o cansaço vencia sempre.
Pensei que não iria aguentar, pensei que não conseguia ultrapassar. E de facto, acho que apenas apaziguei uma dor e aprendi a viver com ela, nunca a ultrapassei.
Desde que o Francisco nasceu que dou cada vez mais valor aos pais que tenho, não quer dizer que já não o fizesse, mas agora ainda mais... Penso muitas vezes: "Meus pais tiveram este trabalho todo comigo?" Só dá-mos o verdadeiro valor, quando passamos pelas coisas também.
Ser mãe não é fácil, é um trabalho que não tem descanso, não se tira férias, 24 sobre 24 horas sempre disponível, sem nada pedir em troca. Lágrimas escondidas, desespero, angústia, amor, alegria, gratidão, fé, etc. São tantas as sensações e sentimentos contraditórios que surgem. Numa só pessoa, tens de ser enfermeira, artista de circo, contadora de histórias, porto de abrigo, cozinheira, taxista, ombro amigo, professora, psicóloga, tens de ter o instinto de Leoa, garras de águia, mão de ferro com luva de veludo.
Transformei-me, em muitos momentos deixei de me conhecer. Muitas coisas deixaram de fazer sentido, deixei de perder tempo com o que não era necessário, com coisas fúteis... O que realmente interessa são as pessoas, o amor, a tua entrega, a tua gratidão, o quanto dás de ti ao outro...
A vida ganhou outro sentido, outro sabor... Com mais medo e mais responsabilidade... É a melhor coisa do mundo, mas ocultaram e ocultam muita coisa... Afinal de contas é bem verdade: Não há Amor sem sofrimento.
Amo-te Francisco
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