Quantas vezes, tive um dia ou uma semana difícil. Dia após dia, ando com uma capa às costas, tem um peso enorme, bloqueia-me, mas protege-me de mostrar as minhas fraquezas e fragilidades, mostra somente o meu lado bom, simpático, responsável, profissional, corajoso e até dinâmico, metódico e organizado à sociedade.
Mas, quando chego a casa a capa fica à entrada, fico mais leve, mas as fragilidades vêm à superfície, não dá para esconder, instala-se a dor, a revolta, incompreensão, sou transparente, impotente, insegura e pouco confiante, o pior de tudo é que quem sofre é quem mais amo, quem me é mais próximo. São bombardeados com histórias, questões que não conseguem dar resposta, irritações, inquietações, são o verdadeiro saco de boxe, levam com tudo e de todas as maneiras.
É incrível como junto daqueles que amo não dá para ser outra coisa, senão eu mesma com todas as qualidades, defeitos e fragilidades.
No dia seguinte volto a vestir a capa para sair de casa, agora mais pesada porque magoei quem mais amo, com coisas que dizem respeito ao mundo e não a eles...
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