segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A "Superstição" do Tempo


"Hoje temos a "superstição" do tempo: vivemos sobrecarregados de ocupações, cheios de pressa, devorados de ativismo. Tudo isso nos faz entrar na "febre" da eficácia e do utilitarismo, e corremos o risco de perder a sã alegria de viver e o sentido da gratuidade.

Hoje temos a "superstição" do tempo: empregamo-lo antes de tudo para «fazer», mas falta-nos tempo para ser, para existir, para nos encontrarmos connosco mesmos, para nos encontrarmos com os outros, com a natureza, com Deus...

Hoje temos a "superstição" do tempo: dizemos sempre que nos falta, mas sabemos como encontrá-lo para o que nos interessa: para a televisão, para ir ao cinema ou ao café, para nos divertirmos e passear...

É pena que, sem esquecer o necessário repouso e a sã diversão, não haja também no nosso emprego do tempo suficientes espaços destinados à interioridade, ao silêncio, à formação, à solidão:

Solidão para nos concedermos um contacto saudável com a natureza: para saborear a caricia da brisa, para nos submergirmos na beleza de um pôr-do-sol, no silêncio sonoro das montanhas ou na imponente majestade do mar...

Solidão para "entrar na nossa cela" (cela da nossa casa, mas, sobretudo, cela do nosso coração) e, "fechada a porta" deixarmo-nos descer às profundidades de nós mesmos; essas regiões onde os ruídos se apagam e onde o silêncio se transforma em desejo e o desejo se faz "Presença".

Esses tempos gratuitos de solidão e de calma têm uma importância capital para a nossa vida. Só nesse clima interior; só nesse estado de serenidade e de calma, pode surgir o verdadeiro dinamismo profundo que alimente e fecunde a nossa actividade e a nossa existência, que nos produza plenitude de fundo e que nos encha por dentro de autêntica felicidade.

Não busques nada disto fora de ti mesmo: só o encontrarás dentro..."

Mª A. de los Rios

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